A quantidade dos resíduos reciclados no Nordeste Transmontano aumentou 7% durante o último ano. Para este resultado contribuiu o centro de triagem da empresa intermunicipal Resíduos do Nordeste, que, apesar de funcionar há um ano, foi inaugurado na sexta-feira.
O centro instalado na zona do aterro sanitário de Urjais, no concelho de Vila Flor, custou dois milhões de euros. Segundo o presidente da Resíduos do Nordeste, João Gonçalves, tem contribuído para valorizar cada vez mais o lixo que se produz, enquanto se continua a sensibilizar a população para a separação de resíduos.
O também autarca de Carrazeda de Ansiães entende que há que continuar a dar conta aos cidadãos da “importância que eles têm nesse tipo de trabalho”, nomeadamente através da “separação de resíduos em casa”.
Na verdade, muitos já o fazem, pois, segundo João Gonçalves, desde que o centro de triagem entrou em funcionamento, constatou-se que “houve um aumento de 7% do material reciclado, o que é de assinalar”.
A Taxa de Gestão de Resíduos (TGR) é o que mais penaliza a empresa intermunicipal Resíduos do Nordeste. João Gonçalves sublinha que a taxa é “muito penalizadora”. Nos últimos quatro anos “aumentou 218%”, o que é “um aumento muito substancial”. Reconhece que para acomodar o aumento “há muita dificuldade”, porque “em último caso terá de ser reportado ou aos municípios ou diretamente aos cidadãos”.
O presidente da Resíduos do Nordeste sublinha que as metas da União Europeia e do país para este setor “são tão ambiciosas” que para serem cumpridas têm de existir “instrumentos financeiros para desenvolver tecnologias e implementá-las”. Caso contrário, “as metas terão de ser corrigidas”. Ao Governo tem sido dito que “as metas e os instrumentos financeiros, nomeadamente dos fundos da União Europeia que estão à disposição, são coisas que não jogam uma com a outra”, pelo que “é preciso ajustar uma ou as duas”.
O secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, admite que é necessário mais financiamento para atingir as metas definidas no quadro da União Europeia e espera conseguir forma de aumentar a dotações em 2025.
Explica que os valores de contrapartida, que resultam da recolha seletiva dos resíduos e que depois são valorizados e vendidos, “não foram atualizados desde 2016”. Por seu lado, “os custos foram aumentando, inclusive na pandemia, com dois dígitos de inflação” e “esses valores, além de não serem aumentados, ainda diminuíram de valor porque nem sequer foram atualizados à taxa de inflação”.
“Vamos atualiza-los. A minha meta é conseguir ter estes novos valores a partir de janeiro do próximo ano”, prevê o secretário de Estado.
Quando à TGR, o secretário de Estado lembra que esta serve para financiar projetos das empresas de gestão do lixo que cumpram objetivos.
“Quem cumprir as metas da reciclagem recebe financiamento. No fundo, se nós reduzíssemos para todos, cumprissem ou não cumprissem, todos tinham a mesma taxa. Qual é o objetivo político? Paga toda a gente. Aqueles que cumprem os objetivos recebem-na sob a forma de financiamento aos investimentos”.
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Eduardo Pinto / Rádio Ansiães