A Região Demarcada do Douro vai transformar 90 mil pipas (550 litros cada) de mosto em vinho do Porto na vindima deste ano. São menos 16 mil face a 2023, o que representa menos 16 milhões de euros para a região. A decisão saiu da reunião do Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), realizada esta quinta-feira, no Museu do Douro, em Peso da Régua.
As 90 mil pipas fixadas para a campanha de 2024 foram aprovadas por maioria, tendo o presidente do IVDP, Gilberto Igrejas, votado ao lado da produção, já que o comércio pretendia apenas 85 mil pipas, enquanto a produção não admitia ficar abaixo das 92 mil.
O presidente do IVDP, Gilberto Igrejas, explicou que a proposta das 90 mil pipas resultou de uma tentativa de aproximação que não coincidiu com as das duas profissões. Houve “uma necessidade de ajuste dos valores iniciais, por forma a tentar minimizar o prejuízo dos agricultores num ano muito difícil”, notou.
O vice-presidente do Conselho Interprofissional indicado pelo comércio, António Filipe, admitiu que “foi pena não se ter chegado a um acordo”. Explicou que a proposta das 85 mil pipas resultou de uma “ponderação do cenário macroeconómico”, das “tendências do mercado atuais e futuras”, da “quantidade de stocks que o comércio tem” e, “mais importante”, da recolha das “intenções de compra dos associados, que apontam para uma redução relevante relativamente ao ano anterior”.
Apesar de vencido, o comércio “aceita o resultado do jogo democrático” e, segundo António Filipe, vai “tentar, com todas as forças, encontrar maneiras de ultrapassar esta situação, que é manifestamente muito difícil, em particular para os lavradores da Região Demarcada do Douro”.
O vice-presidente do Conselho Interprofissional representante da produção, Rui Paredes, lamentou “não ter conseguido fazer valer todas as pretensões” da profissão, já que a proposta era superior. Justificou que os viticultores “não conseguem suportar um preço que se mantém desde 2020 [mil euros por pipa]”, o que se traduz numa “perda de centenas de milhões de euros” para a região.
Rui Paredes considera que esta perda de rendimento progressiva é “uma falência de todos”, já que os concelhos do Douro “frequentam os últimos lugares do rendimento per capita do país”.
Eduardo Pinto / Rádio Ansiães