
Já há uma alheira para doentes com insuficiência renal crónica. Quem estiver a fazer hemodiálise pode comer a versão produzida com clara de ovo.
Uma clínica de hemodiálise concluiu com sucesso um projeto para a produção do enchido adaptado às necessidades de quem padece daquela doença.
A alheira com clara de ovo tem a mesma aparência e paladar que a alheira tradicional. A clara de ovo adiciona proteína saudável sem gorduras. A carne de porco é substituída por carne de frango e peru.
Cerca de 40 por cento dos doentes em hemodiálise apresentam desnutrição proteico-energética, por não comerem carne e peixe, que se associa a um aumento da morbilidade e mortalidade desta população.
A TECSAM, empresa que detém três clínicas na região transmontana, distribuídas por Mirandela, Mogadouro e Vila Real, onde realiza hemodiálise a cerca de 200 doentes renais, constatou que, apesar da rejeição à carne, a maioria dos doentes aprecia e saboreia a alheira.
Nesse sentido, lançou um desafio a uma nutricionista e a uma empresa de produção de alheiras de Mirandela, para se conseguir fazer um enriquecimento proteico da alheira tradicional.
O nefrologista, Nunes Azevedo, proprietário da TECSAM, refere que este produto apresenta uma “melhoria substancial em relação à primeira”, que era praticamente “uma alheira tradicional enriquecida em proteínas à base de carnes”.
A nutricionista Flora Correia, responsável pelo estudo, salienta que a intenção foi criar “uma alheira que tivesse mais proteína e de muito boa qualidade, que tivesse menos gordura saturada, que é mais prejudicial e que tem uma influência grande nas doenças cardiovasculares, bem como menos sal”.
Com a clara de ovo, conseguiu-se uma alheira com “um sabor muito idêntico à tradicional ou quase igual”. “Quem não souber não dá conta que é diferente”, garante, e com “a particularidade de ser mais rica em proteína”.
“Cento e cinquenta gramas desta alheira têm mais proteína do que a alheira tradicional e é melhor que os mesmos 150 gramas de carne de porco ou de vaca”, acrescenta.
A nutricionista frisa que o produto ainda pode ser melhorado, sobretudo para reduzir o teor de fósforo. “É prejudicial aos ossos nestes doentes, quando em demasia e é nisso que vamos trabalhar”.
O gerente da empresa Eurofumeiro, Rui Cepeda, diz ter sido um “privilégio” ter sido convidado para criar este produto inovador. “Embora acarrete investimento, é um nicho de mercado e uma mais-valia por se tratar de um produto diferenciado e com outros aproveitamentos”.
Rui Cepeda está a pensar também nos atletas de alta competição que “podem ter neste produto uma fonte de proteína sem gorduras menos saudáveis”, explica.
Por Rádio Ansiães / Rádio Terra Quente